…tenho esta história:

Como eu disse antes, estou sobrecarregada de atividades na faculdade. Precisava de uma história que tivesse um bom argumento para um filme…

…tenho esta história:

Toda à tarde quando eu voltava da escola, lá estava ele, o mendigo. Sentado, escrevendo algo num pedaço de papel, rodeado por uns seis cachorros. Todos os cães deitados aos seus pés, quietinhos, como se respeitassem aquele momento do seu dono. A praça por onde eu passava no caminho da escola, parecia ser o pano de fundo ideal para aquele quadro: um mendigo vestido de terno preto com camisa branca – encardida – um chapéu Panamá velho na cabeça e uns três livros com capas antigas debaixo do braço. Todos os dias, menos nos de chuva, lá estava ele a escrever. Olhava para cima, como quem pensasse nas frases, depois voltava ao papel e acrescentava-lhe algo. Num certo dia, passei diante dele comendo bolachas, nossos olhares se cruzaram e então lhe ofereci algumas. Para minha surpresa ele aceitou. Parei diante dele e estendi-lhe o pacote, ele apanhou uma bolacha. Sem ter o que dizer, perguntei que livros eram aqueles. Respondeu-me então, que eram livros de filosofia e português e um dicionário. Contou-me que era professor de português, mas estava afastado do ensino há muitos anos. Eu não queria entrar em detalhes, mas não me contive em perguntar o porquê. Foi aí que ele contou-me que perdera a família num acidente de automóvel, esposa e três filhos. Entrou em depressão, não sentindo vontade de mais nada na vida. Perguntei-lhe o que escrevia naqueles papéis todos os dias. Ele retirou do bolso um deles e começou a ler para mim. Eram poesias! Belas combinações de palavras formando frases. Pelo português corretíssimo, não pude duvidar de sua história. Contou-me também, alguns episódios de quando era professor. Fiquei perplexa, não conseguia perguntar mais nada, despedi-me e voltei para casa. Fiquei dias pensando em como alguém com tanto conhecimento, pode se desligar do mundo assim? Desistir de tudo?

Acredito neste, como um bom argumento para um filme!

Na Bienal do Livro teve adaptação adequada!

Eu havia me esquecido de mostrar algumas coisas sobre a Bienal, o banheiro foi uma delas. Tenho uma foto do lavatório do banheiro – bem adaptadinho. Os estandes todos possuíam rampas. E eu adorei a cozinha do “Cozinhando com Palavras!”

…mas não pensem que penso estar tudo certinho ainda! Precisamos de respeito no transporte! Todos os deficientes devem ser tratados como cidadãos – e tratados igualmente ( no que se refere a distinção social!)!

Fui à Bienal do Livro!

Eu estive atenta a tudo!

…vejam outros cadeirantes nas próximas fotos. Havia muito mais que não cliquei!






Desculpem tanto tempo sem postar! Estou enrolada com trabalhos de escola – preciso me especializar e tenho que dar duro!

Fui à Bienal do livro em São Paulo! No último dia, imaginem que quantidade de pessoas heim? Fui de ônibus e Metrô; na estação Tiête, havia uma Van para deficientes com transporte gratuito até o local. O trabalho foi excelente, mas apenas experiência do Anhembi. Talvez eles deixem Vans para as próximas feiras – tomara!
A feira estava ótima, gostei muito, mas deveria ter ido mais cedo para aproveitar melhor. Também, escolhi um dia péssimo – o último! Dã! Na próxima vez irei no começo. Havia muitos cadeirantes, mas apenas uma me cumprimentou. Eles fingem que não nos vê e alguns viram o rosto – voces acreditam nisso? Por que será que agem assim? É tão estranho! Se alguém souber o motivo, please, me explique!

…tenho mais coisas para falar – tanta coisa, mas também tenho trabalhos para entregar hoje, via email. Logo volto!

Abraços a todos!

Fotos: Meu celular!

Eu? Sou cadeirante!…


Passeando pelas comunidades de cadeirantes do Orkut……………..”Cadeirante”!…
A primeira vez em que conheci esta palavra (cadeirante!) foi no MSN, acho que há uns quatro anos atrás. Que nome é esse, pensei! Coisa esquisita!
Ué? Não existiam cadeirantes antes? Claro que existiam! Eu era quem não prestava atenção no mundo. E o pior foi quando eu tive que dizer – sou cadeirante – foi difícil dizer esta palavra. Passei um mês ensaiando! Eu simplesmente não conseguia admitir que estava “definitivamente” cadeirante. Deficiente sim, cadeirante não. Achei a palavra feia, esquisita; parecia um rótulo que eu teria que usar. Pronto! Eu estava rotulada! Etiquetada com um nome estranho!…
Foi assim o impacto do meu início de cadeirante.
(Risos)
Agora tudo é tranqüilo, mas o novo assustou  mesmo!  Estar diferente não foi uma coisa agradável, demorei para assimilar.
Estou começando a achar que cadeirante não é uma categoria e sim uma raça.
Como existem cadeirantes em nosso “planetinha”!

…e isso é uma estatística triste!

Calçadas em volta do Hospital das Clínicas, serão arrumadas em 90 dias!


Boa semana a todos!

O dia começou lindo! Um sol amarelo invadiu o meu quarto! A semana promete.
Ontem, li no site de Mara Gabrilli:
“A vereadora Mara Gabrlli encaminhou nesta semana um ofício para o Secretário Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Redizida, Marcos Belizário, solicitando que sejam tomadas providências quanto ao péssimo estado das calçadas do entorno do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, no bairro de Cerqueira Cesar, e do Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi. Os pedidos foram encaminhados para as Subprefeituras de Pinheiros e do Butantã.”
A resposta da Secretaria:
“Em resposta ao oficio da vereadora Mara Gabrilli, a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida encaminhou um ofício no dia 29 de junho, informando que já foram tomadas as devidas previdências com relação as calçadas do entorno do Hospital das Clínicas. O órgão informou que o processo de reforma teve início no dia 20 de maio e que o prazo para a execução é de 90 dias.”

Achei ótimo, uma vez que meus médicos são todos lá! Eu e uma porção de pessoas cadeirantes, circulamos ali. Grande notícia!

Pessoas esquisitas? …ou simplesmente conflito interior?

Tenho passado pelos meus blogs favoritos e lido muita coisa interessante, coisas que eu sempre observei, mas não tinha com quem conversar. Uma dessas coisas lidas: encontrarmos cadeirantes nas ruas, quando são homens cumprimentam, ou pelo menos mostram um ar sorridente. Já quando são mulheres,viram o rosto e fingem não nos ver, geralmente mulheres maduras.
Quando entro no ônibus, metrô, lojas ou qualquer outro lugar comum do dia-a-dia, sinto-me normal e tenho um comportamento natural. Isto porque sou assim mesmo – é próprio da minha personalidade. Já não sou mais uma garotinha e os anos me deram experiências, que procurei assimilar, até onde consegui. No entanto, as pessoas são diferentes, possuem personalidades e vidas diferentes; temos famílias diferentes, experiências diferentes. É a diversidade! Não agimos da mesma maneira. Isto não irá acontecer! É utópico pensar assim!
Ainda não tive problemas com preconceito fora da minha casa. O que não significa, que não os terei! Porém, conheço bem o preconceito perto – pertíssimo! Aquele do seu lado, na sua convivência. O preconceito de alguém que não sabe lidar com a diferença. Enquanto eu deveria estar sendo consolada e colocada “pra cima”, consolo e tento explicar e mostrar que não é o fim do mundo!
É um total paradoxo!
Compreendo essas pessoas cadeirantes, que passam por nós e fingem serem invisíveis(…ou que nós somos invisíveis para elas!)! Nem todas conseguiram resolver seus problemas interiores – de aceitação ou de ser aceito! Não é uma coisa tão fácil. …e eu que achava que isto tinha acontecido só comigo! Muitas famílias ainda não sabem lidar com seus deficientes. Não aceitam, tem vergonha, não sabem estimulá-los para que saiam para a vida. Ser diferente num ambiente assim não é nada fácil! Daí nos deparamos com estas pessoas em lugares públicos, quando olhamos para elas, não temos retorno em nossa polidez – pois elas estão repletas de baixo amor-próprio. Particularmente, acho isto muito triste! Elas precisam de compreensão da nossa parte – só isso!
Acredito que este tipo de comportamento será cada vez menor. Estamos caminhando, conquistando – derrubando barreiras! Alguém acha que estamos devagar? Tudo bem, podemos estar devagar, mas estamos cada vez melhor, ainda que a passos curtos.
Sobre as “pessoas esquisitas”: vamos ter compreensão para com elas. Nem todas conseguem superar seus conflitos, faltam-lhes força interior e apoio. Só o fato de compreendermos isto, estaremos apoiando alguém, dando-lhe alguma força. Ainda que indiretamente!

Perdi o medo e resolvi encarar o Metrô e o ônibus!

Eu aguardando o Metrô.

A casquinha!

São Paulo está de Parabéns! O atendimento no Metrô e no ônibus foram excelentes. Como sempre fui de carro para o tratamento o Hospital das Clínicas – é rotina dos lesionados medulares – mas resolvi voltar para casa de Metrô e ônibus. O atendimento foi fantástico! Desci para a plataforma de elevador, na troca de linha, subiram minha cadeira pela escada rolante ( por 4 vezes e com direito a trocadilhos engraçados – funcionários educadíssimos e com uma pitada de humor.).
Depois de um “Cascão de chocolate” – ninguém é de ferro, entrei no meu ônibus. Incrível, não era o ônibus para cadeirante, mas o motorista insistiu em me levar, para que eu não esperasse pelo outro. Ele e o cobrador colocaram minha cadeira pela porta do meio – foi rápido! Cheguei confortavelmente – no meu ponto de descida, o motorista ainda me perguntou:
– Fez uma boa viagem?
– Sim, muito obrigada! Respondi não acreditando, pois o ônibus era urbano.
Tem muita coisa mudando por aqui – e pra melhor!

As fotos são do celular – minha máquina está desconfigurada – me pegaram de longe,mas dá pra entender não?

…saudades de subir escadas!

…cenas que se repetiram por muitos domingos da minha infância!

“Numa certa época dos anos 70, aos domingos, eu e meu pai passeávamos pela cidade deserta. No caminho, uma passadinha num cliente dele, dono de uma pastelaria. Meu pai pedia um caldo de cana pra mim e outro pra ele; me perguntava que recheio de pastel eu queria – eu sempre dizia palmito, meu favorito!
No caminho de volta, pelo centro velho, na Ladeira da Memória eu não queria subir, meu pai me puxava pela mão e dizia:
_São apenas alguns degraus filha, vem, a gente sobe rapidinho. Vem, vem, vem…
E eu resmungava:
_Ah pai, tô cansada, não agüento, tá calor!…
Ele conversava comigo, conversava, conversava… quando eu percebia, já estava no alto da escadaria.
Meu pai e o centro velho de São Paulo aos domingos – uma combinação do passado que ficou registrada em minhas lembranças.

São as minhas memórias da Ladeira da Memória!…”

(No começo do século XIX, no centro da cidade de São Paulo, o Largo da Memória, localizado no início da rua Palha – atual rua 7 de Abril, era ponto de reunião dos moradores da província e caminho obrigatório dos viajantes que paravam para encher os seus cantis na bica ali existente.)

Foto: Ladeira da Memória.
São Paulo por KASchramm e tchello
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